12 cidades têm alta taxa de mortes.
Levantamento põe municípios paranaenses entre os 100 com os maiores índices de assassinatos cometidos com armas de fogo no país.
O Paraná tem 12 cidades entre os 100 municípios brasileiros de médio e grande porte com taxas muito altas de homicídios cometidos com o uso de armas de fogo. Os números apresentados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) são preliminares e referentes a 2009. A relação leva em conta cidades com mais de 10 mil habitantes. O estudo, sobre a incidência do homicídio por arma de fogo no país, foi publicado em maio deste ano, com base nos dados do Ministério da Saúde.Das 12 cidades paranaenses que integram o levantamento, oito são da região metropolitana de Curitiba: Campina Grande do Sul, Almirante Tamandaré, Piraquara, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Rio Branco do Sul, Colombo e Araucária. A Bahia lidera o ranking com 14 municípios, seguida de Pernambuco (13 cidades), Alagoas (12), Pará (12), Paraná e Espírito Santo (10).
Segundo a pesquisa, 71,2% dos assassinatos registrados no país em 2009 foram cometidos com armas de fogo. No Paraná, o porcentual é um pouco acima da média nacional. Do total de homicídios no estado, 72,4% foram ocasionados por armas de fogo. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul os índices são de 60,6%, 80,1%, 62,2% e 73,7%, respectivamente.
Já o ex-secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva não acredita que a campanha terá tanto efeito. “O desarmamento quase esgotou as possibilidades durante as duas primeiras campanhas. Agora não tem tanta adesão”, afirma.
Epidemia
Média é maior que a de SPA escalada da violência transformou os homicídios em uma epidemia no Paraná. Hoje ocorrem no estado 27 assassinatos por 100 mil habitantes, média quase duas vezes maior do que a do estado de São Paulo, que possui uma taxa de 11 homicídios por 100 mil. O quadro epidêmico é ainda pior em Curitiba. A taxa atual de 37 assassinatos por 100 mil habitantes na capital é o segundo pior da história desde que as estatísticas da criminalidade começaram a ser divulgadas periodicamente, em 2007. Só perde para 2010, ano com média de 43. Entre 2007 e 2011, houve um aumento de quase 20% na média paranaense. Naquele ano, a taxa estadual era de 25 homicídios por 100 mil habitantes. Em Curitiba, o crescimento foi de 38,7%. No primeiro ano de divulgação das estatísticas, a taxa era de 31.
Crise da segurança
Os motivos para essa crise da segurança pública no Paraná já são conhecidos: falta de efetivo policial, avanço do tráfico de drogas, fronteiras sem fiscalização eficiente, presos em delegacias, má gestão policial e impunidade. Apesar desses problemas históricos, os especialistas dizem que há esperança para reverter o quadro. “É possível reduzir. Essa possibilidade exige uma mobilização da sociedade e precisa de uma política de segurança concreta, bem delineada, com gestão técnica, que reduza a impunidade e aumente a capacidade de investigação”, diz Sapori.
Para José Vicente da Silva, não há sentido no fato de o Paraná ser mais violento do que São Paulo. “É fruto da má gestão”, critica. Ele avalia que a alta dos homicídios está diretamente ligada à gestão policial. “O Paraná tem uma boa polícia, mas a tecnologia da informação é precária no estado. É necessário que toda a gestão da polícia seja compartilhada e que haja respostas imediatas aos homicídios.” Silva acha que os autores dos assassinatos devem ser identificados em até três dias. “Quanto mais vigorosa for a resposta, menos crime teremos”.
As medidas citadas pelos especialistas têm o objetivo de reverter a situação atual a curto e médio prazo. Segundo Sapori, aumentar a repressão em locais com alta incidência de homicídios é uma medida permanente que surte efeito imediato. “Tem que inibir o poder territorial dos criminosos. Essas medidas são de curto prazo. É uma decisão política do governador. Depois, que adote essas ações permanentemente. Não há outra maneira”, diz. “Os criminosos têm que saber que a chance de serem presos é grande”.
Colaborou Kátia Brembatti
fonte Gazeta do Povo